quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Era uma vez uma balança...

Por Vicente Majó da Maia

No início de maio de 1988, houve um encontro na “Balança” (*1*), em Uruguaiana, que acabou – mesmo sem querer – sendo o marco do kartismo. Estávamos no auge da guerra Piquet/Senna (mais Prost e Mansell), na F1. O automobilismo dominava a mídia esportiva do país, o futebol vinha de fracassos quatro copas do mundo.
Por aqui, a nossa vontade de ser piloto era latente. Foi quando o Augusto Azevedo, descobriu um kart em Caxias do Sul e trouxe para nossa cidade. No nosso primeiro encontro, portanto, tínhamos um só kart, três pilotos (Augusto Azevedo, Jô Fagundes e Vicente Majó da Maia), quando tentamos realizar a primeira prova. O pobre motorzinho não agüentou as nossas diabruras. Não agüentou a nossa ânsia de ser piloto na vida! Quebrou e nem bem chegava o meio da tarde...
A nossa frustração acabou sendo o porta-voz e a onda de propagação do feito. Em todas as rodas de amigos que chegamos depois deste dia, fazíamos absoluta questão de mostrar a nossa satisfação por ter pilotado. Nosso exibimento. E isto acabou criando uma imensa curiosidade entre os nossos amigos.
Não sei bem se isto acabando sendo definitivo, mas o certo é que tempos depois, começaram a surgir novos karts, novos pilotos e o lugar escolhido para a nova aventura foi exatamente a “balança”.
No início da década de 90, chegaram novos carrinhos, mais modernos, trazidos pelo Frederico Antunes e Ricardo Tramunt. Mas passaram a participar as famílias: Silva, Scelzo, Tellechea, Reschke, Trojan, Gattiboni, Martini, Greco entre outros vários (E Azevedo, Fagundes e da Maia, por óbvio). Virou moda! (*2*)
A BR-290 era invadida nas tardes de domingo por milhares de carros que ficavam estacionados nos arredores da “balança”. Não demorou muito para a proibição. O órgão Federal responsável pela área, não permitiu mais a nossa pilotagem no lugar. Indiretamente acabou firmando a nossa posição de que tínhamos que construir o kartódromo.
Criamos em junho de 1990, a Associação Uruguaianense de Automobilismo. Era a entidade que assumiria a construção do kartódromo.
Enquanto isto, o circo foi montado na frente do Parcão. Para os primeiros treinamentos, criamos um oval. Depois, veio a Pampeana, do Paulo Santana, e propôs a realização do PEGA DE KART PAMPEANA FM, em quatro etapas. Tudo isto na metade final do ano 1991. O nosso “novo” circuito tinha, entre outras atrações, a subida na Rodoviária, onde eram localizados os Box. Diria que é possível esquecer, descrever, o que aconteceu em nossas vidas, durante das quatro etapas. Chego a me arrepiar só de lembrar. Desfilavam nas nossas ruas, frente ao Parcão, mais de 120 karts, distribuídos em várias categorias. Uma verdadeira loucura! Até o maciço público que prestigiava os “Pegas” nunca mais esqueceu aqui. Foi um momento extraordinário. Marcou a nossa existência, nossa geração e também a história de Uruguaiana.
O kartódromo chegou em agosto de 1992. A prova inaugura duas horas de duração. Pleno sucesso. Mas, isto, é outra história...

(*1*) BALANÇA, lugar de pesagem de caminhões nunca usada que fica na BR-290 a pouco mais de 15 quilômetros da cidade.
(*2*) Certamente, a minha memória deixou de fora alguém importante. Desculpas!

APROVEITO PARA PEDIR AJUDA PARA RESGATAR A HISTÓRIA E AS ESTÓRIAS, DO NOSSO KARTISMO, QUE MUDOU AS NOSSAS VIDAS (vmmaia@uol.com.br).

*Vicente Majó da Maia é gaúcho, advogado, colunista esportivo, escreve sobre automobilismo em 23 jornais do Brasil (também, em sites de Portugal) e um livro sobre os ACIDENTES DA F1. Comanda o programa de rádio VOZES DO ESPORTE, na São Miguel AM de Uruguaiana.

Nenhum comentário:

Postar um comentário